terça-feira, março 13, 2007

A entrevista a Marcelo


Introdução por Jorge Sá ( AVFC camadas jovens e A MAGIA DO FUTEBOL)
Marcelo Pais nasceu para o futebol no Grupo Desportivo de Mangualde, do qual saiu rumo ao Académico aos 14 anos. Cedo se impôs na equipa e após um ano com a sua maturidade já era capitão de equipa dos Juvenis.
Alia os estudos em Aveiro com a árdua tarefa de levar os Juniores aos Campeonatos Nacionais. Com a sua calma e sentido posicional consegue ser um muro na defesa por onde dificilmente se passa. Embora defesa tal como o seu ídolo, Ricardo Rocha, ainda faz o gosto ao pé ou à cabeça. É este o jogador que temos a honra de entrevistar e de vos dar a conhecer um pouco melhor
Nome: Marcelo Filipe Almeida Pais
Data de nascimento:15 de Maio de 1988
Local de nascimento: Viseu
Residência: Mangualde e Aveiro
Um clube português sem ser o Académico: Sport Lisboa e Benfica
Clube de sonho onde gostava de jogar: Sport Lisboa e Benfica

Que clubes que já representaste e desde quando estás no Académico?
Comecei a jogar futebol muito cedo no Grupo Desportivo de Mangualde aos 6 anos jogando desde logo como federado. Aos 10 anos fui chamado à selecção de Viseu. E posteriormente aos 14 anos mudei-me para o Clube Académico de Futebol, no meu segundo ano de iniciado. Estive no Académico até ao ano passado, ano em que tive que abandonar o CAF uma vez que faliu, e preferi ser emprestado ao Mangualde, tendo também propostas dos dois clubes mais fortes de Viseu a seguir ao Académico. Estive lá meia época, comecei nos juniores, mas fui depois chamado aos seniores, onde joguei vários jogos.

Quais as diferenças que notaste entre jogar nos nacionais jovens e as distritais seniores?

As diferenças são muitas. Na distrital sénior (a única que conheço) há cerca de 2 ou 3 equipas que por norma jogam em relvado que praticam um futebol mais bonito, tirando essas equipas todas as outras praticam um futebol pouco moderno muito mais feio e musculado. Talvez a imposição de uma lei que obrigasse todos os clubes a jogar em relvado melhorasse consideravelmente a qualidade do futebol praticado e talvez fossem também mais pessoas aos estádios. No nacional de juniores o jogo é umas duas vezes mais rápido e apesar de não haver tanta força a qualidade é quanto a mim muito melhor. Esta é a minha opinião, mesmo que errada.

Qual é o defesa central que mais admiras e porquê?
Ricardo Rocha, é para mim a imagem que eu defendo num jogador. Porque tem garra, atitude, força e vontade de vencer. São esses também os meus valores! Se algum dia fosse treinador eu poderia ter um plantel de jogadores que tecnicamente fossem pedras, mas se tivessem estas características ser-me-ia difícil perder jogos.

Quais os teus objectivos no futebol?
Neste momento não tenho planos para o futuro. A única certeza que tenho é de que preciso do futebol para me sentir bem. Devido ao facto de estudar é difícil assumir compromissos com um clube quando for sénior, neste momento quero ajudar os juniores do Académico a voltarem para os nacionais, lugar de onde nunca devíamos ter saído e onde jogadores como os que temos devem produzir outro tipo de futebol que não o futebol da distrital.

Como consegues conciliar os estudos com o futebol, estudando em Aveiro?
Quando fazemos algo com prazer não custa nada consegui-lo. Sempre que posso treino em Viseu com os meus colegas, quando estou em Aveiro corro muitas vezes sozinho e treino com a equipa da universidade.
Que curso andas a tirar?
Engenharia Electrónica e Telecomunicações

Como foi viver por dentro o fim do CAF?
Foi muito difícil, porque quando vemos treinadores, directores e mesmo nós jogadores a lutar cada um com os seus meios contra o fim do Académico e no final todo esse esforço não resultou em nada, é uma sensação que não desejo a ninguém, ainda por cima quando não sabemos o que iria acontecer ao clube do nosso coração. Foi muito difícil.

CAF e AVFC para ti são a mesma coisa? Porquê?
Sim, a mesma coisa, muda o nome, permanecem as pessoas, a grandiosidade, a mística! Há quem critique que diga que não é o mesmo clube. Mas se perguntarem a jogadores, treinadores, directores, a quem está por dentro do clube, todos eles dirão o mesmo que eu.

Como é trabalhar com o Mister Pipo?
É óptimo! É fácil, estamos sempre muito motivados! Mas atenção, não individualizo só o trabalho dele como fonte do nosso sucesso! O mister Carlos, o mister Filipe, Sr. Julião (massagista) e os directores Tio Neves e o Tio Nelson, todos eles formam uma equipa importantíssima para o nosso triunfo! Todos eles têm uma grande importância! Cada um na sua função claro!

Como defines o ambiente no balneário dos juniores?
É um ambiente muito bom. Um balneário de campeões! Só quem lá está é que sabe! Em jogos decisivos triunfamos por causa da nossa união. Falo por exemplo da goleada por 4-0 ao Viseu e Benfica que na altura ia em primeiro e que nos revoltou uma vez que nós praticávamos um futebol mais bonito, mas pagámos um preço alto pelos 4 empates no início do campeonato, altura em que não tínhamos o plantel completo.
Olhando para o plantel júnior, qual é o jogador que na tua opinião tem mais hipóteses de triunfar no futebol?
Olhando para o plantel júnior, e analisando jogador a jogador considero que todos têm uma palavra a dizer na constituição da equipa. Todos são importantes, e a rotatividade do nosso plantel demonstra isso! Por isso não consigo evidenciar um jogador de um grupo com esta qualidade. Posso dizer que uma das nossas vantagens é termos um plantel muito equilibrado.

Gostavas que as camadas jovens fossem mais apoiadas?
No meu entender as camadas jovens do Académico não têm muitos motivos de queixa. Nota-se o esforço do clube, e isso é o mais importante para mim!

O Calico e o Santiago estão nos seniores e tu chegaste a jogar com eles nos juniores do Académico. Como é que os defines como jogadores?
Pois, essa pergunta é-me muito fácil de responder, o Calico é meu amigo de infância e um dos melhores amigos que tenho, conheço-o muito mas muito bem! O Calico e o Santiago com quem tive o prazer de jogar nos juniores o ano passado são os jogadores mais profissionais que alguma vez vi! Mesmo enquanto juniores não me lembro de um treino a que eles os dois faltassem, em todos os treinos e em todos os exercícios eles os dois eram quem ia à frente, quem se esforçava mais, eles davam sempre o exemplo aos outros jogadores. Eram verdadeiros capitães de equipa. Eles mais que ninguém merecem chegar cada vez mais longe porque sempre fizeram por isso, e ao trabalho deles acrescentamos a habilidade para as funções que desempenham em campo. Como já devem ter reparado são jogadores muito polivalentes, e que mesmo tapando os chamados “buracos” fazem sempre exibições muito regulares e muito positivas. Não me custa dizer que são jogadores fundamentais nos seniores e apenas fazem 20 anos este ano.

O que é que achas do facto de se apostar nos jovens formados no clube, na equipa principal? Deve ser esse o caminho a seguir?
Sim. Cada vez mais eu sinto uma evolução do nível das camadas jovens do Académico. O Calico, o Santiago, o Simões, o Álvaro e o André estão nos seniores e são exemplos de jogadores formados no Académico nos últimos 3 ou 4 anos. Para além da qualidade que eles têm, têm também a vantagem de saber qual é o peso da camisola preta, de saberem que o Académico é um clube para vencedores e de não serem “mercenários” que vêm de outros lados à procura de melhores ordenados que não são proporcionais ao que valem.

Como defines a rivalidade existente entre os clubes em Viseu?
Existe rivalidade. Nas camadas jovens há muito pouco tempo, pois lembrem-se que com o Académico jogava só e só nos nacionais, nos escalões máximos, onde os outros clubes de Viseu não tinham acesso. Digamos que os jogadores que o Académico dispensava iam para esses clubes. Jogadores que no Académico pouco jogavam e que nesses clubes eram titulares indiscutíveis. Hoje em dia é um pouco diferente, há um pouco mais de rivalidade uma vez que o Académico foi obrigado a descer para as divisões mais baixas onde tem de enfrentar esses clubes.

Achas possível que, um dia, possa existir só um clube em Viseu?

Não, não faria sentido. Mas acreditem, o Académico é constantemente prejudicado, isto porquê?! Porque o Académico é grande, muitas vezes estamos a ser bastante prejudicados e ainda assim o público da equipa adversária protesta contras os árbitros, e eles para não correrem o risco de serem julgados por terem sido justos e repito, justos, beneficiam as equipas contrárias. Tudo o que nós pedimos é um critério uniforme. Quem nos acompanha sabe de que falamos, nós jogamos muitas vezes contra 14 e mesmo assim vamos levando a nossa avante, mas tantas vezes vai o cântaro à fonte que qualquer dia lá fica. É esse o meu medo. Este é um exemplo da grandeza do Académico, por isso não seria necessário ao Académico nenhum tipo de união. O Académico é o único clube em Viseu que pode conseguir chegar a uma segunda ou primeira divisão. O que poderia era existir um pré acordo entre o Académico e os outros clubes de Viseu, aí todos ganhavam. Falo em facilidade de transferências de um ou outro jogador que dá mais nas vistas num desses clubes, e da cedência de jogadores a esses clubes, funcionariam como clubes satélites e beneficiavam também com isso.
Comentário final:

Não conheço o Marcelo nem ele me conhece a mim. Esta “entrevista” – coloco a palavra entre aspas porque entendo que uma entrevista é conduzida por um jornalista que eu não sou nem pretendo ser – decorreu via mail. No entanto, conheço o amor que este jogador dedica ao clube que defende, para tal bastou estar atento aos blogues onde se defende o Académico de Viseu. Muitas das opiniões emitidas por ele, eu subscrevo-as como é o caso da “polémica” CAF/AVFC e a questão da integração dos jogadores formados no clube na equipa principal de futebol. Fiz esta “entrevista” para mostrar de que massa são feitos os nossos jovens. Outros se seguirão (aguardem…) e todos terão o mesmo elo a ligá-los, o amor ao Académico de Viseu. Mesmo que não vejamos o Marcelo na equipa principal, tenho a certeza que ele será sempre academista e por isso mesmo até lhe “perdoo” o facto de ser benfiquista! Obrigado Marcelo!

1 comentários:

Unknown disse...

Não sei é que estudo é que ele alia!lolol
;)

quinta-feira, 15 março, 2007