quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Soares Franco ameaça abandonar...

A continuidade do presidente do Sporting à frente do clube a partir de Junho está actualmente nas mãos dos responsáveis da Câmara de Lisboa e da empresa que gere o Metro da capital.

Pelo menos é o que se depreende das palavras de Filipe Soares Franco, que, em declarações ao PÚBLICO, reafirmou a intenção de baixar, até ao próximo mês de Junho, o passivo do clube para 200 milhões de euros.

"Esse objectivo depende exclusivamente de decisões políticas de autoridades e empresas ligadas ao Estado, e de organismos locais. Do nosso lado está tudo feito", afirmou. E o que acontece, caso os prazos não sejam cumpridos? "Posso ir embora. Posso perfeitamente dizer que não consigo governar o Sporting, não tenho problema nenhum em fazê-lo..."

Para o cumprimento do prazo que estabeleceu, o Sporting precisa de baixar cerca de 70 milhões de euros à sua dívida. Depois de já ter aprovado e vendido uma boa parte do seu património imobiliário não desportivo - que inclui o edifício-sede, o ginásio Holmes Place, a clínica CUF e o centro comercial Alvaláxia, o que permitiu ao clube encaixar mais de 40 milhões de euros - falta ainda obter autorização da Câmara de Lisboa para construir uma área de 130 metros quadrados em alguns dos terrenos junto ao novo estádio, bem como concretizar um protocolo com o Metro de Lisboa para se poder edificar sobre o interface que há ao lado do Alvaláxia.

Segundo explicou Soares Franco, mais do que promessa, estes acordos já foram definidos em protocolo, mas estão presos em processos administrativos. "E enquanto as coisas não se resolvem, o Sporting paga pela dívida que tem dez mil euros por dia", contabiliza o presidente do clube, referindo que a resolução desses problemas têm de estar próximos. "A paciência e a responsabilidade social do Sporting de aguentar estes projectos tem um limite e uma fasquia", afirmou Soares Franco, admitindo que o clube está "à beira desse limite", e que poderá ter de "responsabilizar as entidades oficiais e governamentais, empresas e autoridades políticas que estão envolvidas neste processo". "Não se pode escrever coisas num papel, escrever protocolos, deixar que o Sporting faça um conjunto de investimento, assumir compromissos...", argumentou.

Cultura do clube precisa de mudar

As questões financeiras estão, assim, no centro das atenções do presidente dos "leões", apesar de reconhecer que os resultados desportivos continuam a ser "essenciais". "Só criando um clube saudável [financeiramente] é que se consegue elaborar uma política de desenvolvimento", insiste Soares Franco; e lembra que o clube está a ter "imensos sucessos desportivos" numa altura em que se continua a tentar fazer o seu saneamento financeiro.

Uma outra medida que está em cima da mesa para ser tomada - mas só depois de resolvidas todas as questões da alienação do património - está a possibilidade de fazer um aumento de capital com a entrada de novos investidores na Sociedade Anónima Desportiva (SAD). Nestas matérias, Soares Franco admite a necessidade de "haver uma mudança cultural no clube", de forma a que seja aceite que o Sporting não tem de ter a maioria do capital da sua SAD. "O Sporting, como maior accionista, tem de ter a gestão, mas não tem de ter a maioria na SAD", argumenta Soares Franco, antecipando as dificuldades que terá em fazer vingar junto dos accionistas esta tese. "Há um conjunto de pessoas no Sporting que não o aceitam. Eu admito que possam ter uma opinião divergente. O que não está certo é terem uma opinião divergente e não apresentem um plano. É muito fácil dizer mal sem apresentar uma alternativa", criticou.

In jornal O Publico


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