Uma tarde no "Santos Pinto"
Foto retirada daqui
Nas últimas semanas temos ouvido na comunicação social, um grande burburinho no que diz respeito aos milhões que vão entrar no futebol. Discussões atrás de discussões, sobre quem fez o melhor contrato, mas ao contrário do que se ouve por aí não ficamos todos a ganhar. Sim porque Benfica, Sporting e Porto não são todos.
Os outros, os mais pequenos, ficam todos a perder. No mesmo país dos milhões para os "grandes", acontecem episódios como aconteceu no domingo na Covilhã, como vos vou relatar:
Acompanhado do meu filho, uma criança de 11 anos que nasceu na Covilhã, lá fui eu com ele para ver o "nosso derby". Numa tarde chuvosa e fria, e com a impossibilidade de se entrar com guarda chuva, optei, obviamente, por tirar um bilhete para a bancada coberta. Foram 24€ que saíram do bolso, uma balúrdio para um jogo com aquelas condições, mas nada de anormal, quem quiser ir para a bancada coberta do Fontelo é esse o preço que tem de pagar.
Ao entrar no Estádio perguntaram-me se era adepto do Académico ou do Covilhã, pois iria haver uma separação. Apesar de acompanhado de um covilhanense (sempre ensinei ao meu filho que em primeiro lugar está o clube da terra, e que os outros são os outros), optei mesmo assim ir para o lado dos academistas, se bem que nos jogos anteriores tenha estado no meio dos covilhanenses, e nada de anormal me tenha acontecido.
Entretanto foram surgindo mais adeptos viseeenses, incluindo um grupo de jovens a que podemos chamar de claque, pelo que devíamos ser uns 50 (num universo de 180 espetadores que estiveram no Santos Pinto).
A primeira parte decorreu dentro da normalidade, os da Covilhã puxando pelos deles e nós pelos nossos. Ao intervalo, um senhor com um colete que dizia "coordenador de segurança" de forma simpática - sublinhe-se - pediu ao pessoal da claque para saírem daquele local, dizendo o Senhor em causa que ao aceitar que os adeptos do Académico fossem para aquela bancada, o tinha feito porque não esperava que viessem tantos.
A claque academista lá aceitou e seguiram para o outro lado do campo, para a chuva (confesso que não sei que tipo de bilhetes tinham adquirido). De seguida o mesmo "coordenador de segurança" pedia aos restantes academistas para fazerem o mesmo. Obviamente não concordei, não concordamos, tínhamos tirado bilhetes para a bancada coberta, tínhamos pago por isso, e não íamos para a chuva.
À nossa intransigência em sair dali e ao ver que tínhamos bilhetes para ali estar, fez com que o tal "coordenador de segurança" ficasse sem argumentos. A quem não faltou argumentos foi a dois senhores, identificados com casacos com o símbolo do SCC e com credenciais ao pescoço, que do interior do terreno do jogo, insultaram os adeptos academistas.
Ainda acham que ganhamos "todos" com os negócios do futebol?
3 comentários:
Em Portugal não há futebol, há 3 grandes.
terça-feira, 05 janeiro, 2016Mas a culpa começa em casa: desde pequenos somos bombardeados com perguntas de familiares e conhecidos sobre o clube dos 3 grandes que queremos ou de que devemos ser. Todos devemos ter passado por isso.
Felizmente quando comecei a ter o uso da razão, pude fugir a essa ditadura e embora me continue a revoltar essa mentalidade pacóvia que faz uma pessoa ser adepta de um clube que dista centenas de km da sua terra, tento cada vez mais me abstrair disso e forcar-me apenas no meu clube e em fazer o possível para o levar o mais alto possível.
Quanto ao caso relatado, é obviamente lamentável e também se deve dizer que a direcção do Académico nem sempre defende da melhor maneira os interesses dos seus adeptos, como já ficou provado em casos anteriores.
Miguel
Sem duvida uma situação muito incómoda onde acho que houve excesso de zelo, não acredito que houvesse problemas entre viseenses e covilhanenses nunca houve e não era agora que ia haver, quanto aos dois senhores insultantes creio que são mais dois elementos que andam no nosso futebol a estorvar e que deviam ser banidos deste universo futebolístico.
terça-feira, 05 janeiro, 2016A história dos 3 estarolas foi é e vai continuar a marcar as mentalidades deste povo que não aceita outros clubes que não os 3 já falados e que fica admirada quando encontra alguém adepto de outro clube que não seja estarolista, eu falo por mim choro, grito, rio e ás vezes fico com uma azia do caraças tudo em prol do clube onde eu um dia vi pela primeira vez já lá vão uns anitos numa tarde onde a Feira Franca estava a entrar nos últimos dias, a partir daquele dia os nomes de Vinagre, Rodrigo, Penteado, Borga, Cunha etc entravam no meu mundo do futebol como meus idolos, só tenho que agradecer a quem me levou ao Fontelo nesse dia onde eu ainda um puto escolhi aquele clube das camisolas negras.
Para terminar sabe tão bem andar aqui em Lisboa com o cachecol ou camisola do Académico em dia de jogo aqui para estes lados, e festejar um golo do Académico dentro de uma carruagem do metro em hora de ponta??? inesquecível, aconteceu na época passada no jogo contra o Leixões onde ganhámos 2-1 com o segundo golo a ser marcado nos últimos minutos de grande penalidade.
Paulo Teixeira sócio 433 sempre do lado do clube quer nas derrotas ou nas vitórias
1 abraço José Carlos
Na minha opinião, e infelizmente acho que não estou enganado, as equipas não "grandes" apenas servem para que os três estarolas não joguem somente entre si.
quarta-feira, 06 janeiro, 2016Os resumos na televisão dos programas informativos são de jogos do três "grandes", os comentadores dos programas televisivos, idem. Poderia estar aqui a citar muitos mais exemplos...
Não é simples percebermos como chegámos a este ponto mas a verdade é que cada vez mais se ignora o clube da terra e isto prejudica claramente o futebol. Sempre que me perguntam o clube e eu respondo com orgulho "Académico de Viseu" há sempre a pergunta seguinte: "Ok, mas e sem ser esse?".
Era bom que esta mentalidade mudasse.
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