quinta-feira, junho 14, 2012

Rui Santos em entrevista

Foto: Viseu Desportivo

Já passou muito tempo mas… o que é que se passou em Touriz (09/10) para teres “direito” a um castigo tão grande?
Como já referi em anteriores entrevistas não se passou nada de tão grave para suceder um castigo deste tipo, simplesmente na qualidade de capitão de equipa tentei proteger o grupo por uma decisão sem nexo da equipa de arbitragem ao assinalarem uma grande penalidade por uma suposta falta a uns bons dois, três metros da grande área. Houve troca de palavras mais acesas mas nunca tentativas de agressão como foi referido no processo que conduziu ao meu injusto castigo.

Depois do castigo a lesão. Chegaste a pensar em desistir?
Foi uma fase muito complicada, nessas alturas de lesões graves passa tudo pela cabeça de uma pessoa. Mas com o evoluir da lesão e com a recuperação efectuada vão-se diluindo essas ideias mais escuras de abandono, mas são tempos de angústia de revolta que só quem passa por situações idênticas é capaz de perceber como uma pessoa se sente por não poder fazer aquilo que mais gosta. Ainda por cima vinha de um castigo injusto e quando pensei que o pior tinha passado aconteceu a lesão, mas felizmente tenho bons amigos tanto no futebol como fora do futebol e claro a família que sempre me deram força para não desistir pelo menos sem tentar, sem me esforçar, para provar que conseguia ultrapassar esta fase menos positiva.

Esta época fizeste 25 jogos. Foi uma boa época para ti? Ainda te ressentes da lesão ou já é passado?
Sem dúvida que foi uma boa época, porque o grupo alcançou a tão desejada e merecida subida. A nível pessoal depois de não conseguir começar a temporada devido à lesão, nem de fazer a pré-época junto dos meus colegas consegui recuperar bem e ainda ir a tempo de ajudar o grupo a atingir o objectivo que passou pela bonita subida de divisão. Claro que como estive algum tempo ausente dos relvados os primeiros tempos em que comecei a jogar é normal não ter o ritmo competitivo e a forma que eu pretendia e que desejava. Mas com a ajuda da equipa técnica e dos meus colegas e com o trabalho desenvolvido diariamente, nesta última fase da época já me senti muito próximo do meu rendimento normal e desejado, por isso a lesão já faz parte do passado.

Foste considerado por nós duas vezes como o melhor academista em campo. Em casa com o Avanca (3-1) e em Albergaria-a-Velha (0-2). Consideras que esses foram os teus melhores jogos, ou destaques outros?
Sim concordo com a vossa opinião foram dois jogos em que a equipa se exibiu a um nível elevado e eu dei o meu contributo como os meus colegas fizeram, e todos juntos conseguimos alcançar essas duas vitórias importantes para o objectivo final que passou pela subida, a vossa escolha recaiu sobre mim porque assim vocês o fazem todas as semanas, mas o melhor academista em campo foi o grupo inteiro. Se me permitem também destacava o jogo em Penalva na primeira volta do campeonato em que foi o primeiro que fiz de inicio depois da lesão e em que me ajudou a perceber que com trabalho e sem medos ou receios poderia a fazer aquilo que mais gosto que é jogar futebol.

Em entrevista ao Jornal do Centro o treinador elogiou o teu espírito de conquista. Como foi trabalhar com António Lima Pereira?
Só tenho que agradecer ao mister Lima Pereira pelo trabalho efectuado, foi um treinador que se entregou de corpo e alma ao clube e que com a sua capacidade de trabalho conseguiu levar o Académico a atingir a subida de divisão, acho que todos os Viseenses devem estar agradecidos. Esse espírito de conquista este ano passou pelo grupo todo e só assim foi possível atingirmos o nosso objectivo, claro que os elementos mais experientes do plantel e aqueles que melhor percebem o dia-a-dia do Académico tiveram um papel importante na integração e na motivação dos elementos mais novos e que estavam no clube pela primeira vez. Foi um treinador que nunca deitou a toalha ao chão, que lutou contra todas as adversidades que lhe apareciam no caminho, da minha parte só me resta desejar-lhe a melhor sorte do mundo na sua carreira e que alcance tudo o que deseje.

E o teu futuro, passa pelo Académico?
Neste momento não faço ideia do que o futuro me reserva, claro que se for possível gostaria de continuar no Académico, mas de momento não posso nem sei se isso será concretizável.

Em muitos anos de Académico esta foi a tua segunda subida de divisão. Qual foi a mais saborosa?
Foram igualmente saborosas e magníficas, não diferencio uma da outra, foram conquistadas com muito espirito de sacrifício e capacidade de superação de todo o grupo de trabalho, equipa técnica e direcção. E claro dar esta alegria a todos os sócios e adeptos do Académico é fantástico, é um marco que vai perdurar na carreira de todos os elementos do grupo de trabalho, jamais será esquecido.

Último jogo da época em São Pedro do Sul. Bancadas quase esgotadas com academistas. Nós gostamos muito do ambiente. E visto do relvado como foi? Porque achas que os academistas – alguns claro – só aparecem na hora das glórias?
Foi um ambiente fantástico que qualquer jogador gosta de ter todas as semanas quando entra em campo, facilita muito mais as nossas acções e a nossa intensidade no jogo. Entrar em campo e ver as bancadas cheias de adeptos do nosso Académico a entoar o grito do clube de forma vibrante, quase que metade do caminho estava feito para a nossa vitória. Claro que nas horas das vitórias é sempre mais fácil comparecer e apoiar a equipa, é o hábito da grande maioria dos adeptos de todos os clubes, mas mesmo assim como referem e bem os verdadeiros academistas sempre estiveram connosco tanto nos jogos em casa como fora de portas. Fica um apelo a todos os adeptos que não deixem cair esta onda de entusiasmo e que façam de cada jogo do nosso Académico uma festa e apoiem a equipa incondicionalmente que tudo se torna mais fácil.

A próxima época marcará o fim da III Divisão. Concordas com essa opção?
Já não sei o que pensar desta mudança como de todas as outras que foram sendo introduzidas ao longo dos tempos, se for para o bem do futebol estarei de acordo, mas isso só será visível quando acontecer e se perceber ao certo as implicações que terá nos clubes ou mesmo nos atletas que representam equipas nessas divisões. Mas neste momento se virmos bem a III divisão este ano já quase que era uma divisão de honra de Viseu, já que havia bastantes equipas da região na série, por isso vamos esperar que não seja mais uma manobra para acabar com o futebol semi-profissional, e sim para lhe dar mais vitalidade, porque existe muito talento nestas divisões que precisam de visibilidade para atingirem outros patamares no futebol português.

Chegou a altura da “vingança”. Da nossa parte queremos sinceridade porque só isso nos ajudará a melhorar. Como se portaram durante a época os adeptos e A MAGIA DO FUTEBOL?
Acho que a Magia é já um espaço imprescindível da actualidade do nosso clube, pelo trabalho que têm desenvolvido fazem parte do quotidiano do Académico. Da minha parte só tenho a agradecer pelas críticas construtivas, ou pelas palavras de incentivo que estão sempre presentes nos vossos artigos ou opiniões, se me permitem se todos vivessem dessa forma o clube estaríamos seguramente mais próximos do sucesso. Muito obrigado a todos.


Entrevista efectuada por José Carlos Ferreira

1 comentários:

Anónimo disse...

Parece-me preocupante ainda não se ter falado com os jogadores do plantel quanto à próxima época... por mim era um dos que ficava.

quinta-feira, 14 junho, 2012