Rui Santos em entrevista
Foto: Viseu Desportivo
Já passou muito tempo mas… o
que é que se passou em Touriz (09/10) para teres “direito” a um castigo tão
grande?
Como já referi em anteriores
entrevistas não se passou nada de tão grave para suceder um castigo deste tipo,
simplesmente na qualidade de capitão de equipa tentei proteger o grupo por uma
decisão sem nexo da equipa de arbitragem ao assinalarem uma grande penalidade
por uma suposta falta a uns bons dois, três metros da grande área. Houve troca
de palavras mais acesas mas nunca tentativas de agressão como foi referido no
processo que conduziu ao meu injusto castigo.
Depois do castigo a lesão.
Chegaste a pensar em desistir?
Foi uma fase muito complicada,
nessas alturas de lesões graves passa tudo pela cabeça de uma pessoa. Mas com o
evoluir da lesão e com a recuperação efectuada vão-se diluindo essas ideias
mais escuras de abandono, mas são tempos de angústia de revolta que só quem
passa por situações idênticas é capaz de perceber como uma pessoa se sente por
não poder fazer aquilo que mais gosta. Ainda por cima vinha de um castigo
injusto e quando pensei que o pior tinha passado aconteceu a lesão, mas felizmente
tenho bons amigos tanto no futebol como fora do futebol e claro a família que
sempre me deram força para não desistir pelo menos sem tentar, sem me esforçar,
para provar que conseguia ultrapassar esta fase menos positiva.
Esta época fizeste 25 jogos. Foi
uma boa época para ti? Ainda te ressentes da lesão ou já é passado?
Sem dúvida que foi uma boa
época, porque o grupo alcançou a tão desejada e merecida subida. A nível
pessoal depois de não conseguir começar a temporada devido à lesão, nem de
fazer a pré-época junto dos meus colegas consegui recuperar bem e ainda ir a
tempo de ajudar o grupo a atingir o objectivo que passou pela bonita subida de
divisão. Claro que como estive algum tempo ausente dos relvados os primeiros
tempos em que comecei a jogar é normal não ter o ritmo competitivo e a forma
que eu pretendia e que desejava. Mas com a ajuda da equipa técnica e dos meus
colegas e com o trabalho desenvolvido diariamente, nesta última fase da época
já me senti muito próximo do meu rendimento normal e desejado, por isso a lesão
já faz parte do passado.
Foste considerado por nós duas
vezes como o melhor academista em campo. Em casa com o Avanca (3-1) e em
Albergaria-a-Velha (0-2). Consideras que esses foram os teus melhores jogos, ou
destaques outros?
Sim concordo com a vossa
opinião foram dois jogos em que a equipa se exibiu a um nível elevado e eu dei
o meu contributo como os meus colegas fizeram, e todos juntos conseguimos
alcançar essas duas vitórias importantes para o objectivo final que passou pela
subida, a vossa escolha recaiu sobre mim porque assim vocês o fazem todas as
semanas, mas o melhor academista em campo foi o grupo inteiro. Se me permitem
também destacava o jogo em Penalva na primeira volta do campeonato em que foi o
primeiro que fiz de inicio depois da lesão e em que me ajudou a perceber que
com trabalho e sem medos ou receios poderia a fazer aquilo que mais gosto que é
jogar futebol.
Em entrevista ao Jornal do
Centro o treinador elogiou o teu espírito de conquista. Como foi trabalhar com António
Lima Pereira?
Só tenho que agradecer ao
mister Lima Pereira pelo trabalho efectuado, foi um treinador que se entregou
de corpo e alma ao clube e que com a sua capacidade de trabalho conseguiu levar
o Académico a atingir a subida de divisão, acho que todos os Viseenses devem
estar agradecidos. Esse espírito de conquista este ano passou pelo grupo todo e
só assim foi possível atingirmos o nosso objectivo, claro que os elementos mais
experientes do plantel e aqueles que melhor percebem o dia-a-dia do Académico
tiveram um papel importante na integração e na motivação dos elementos mais
novos e que estavam no clube pela primeira vez. Foi um treinador que nunca
deitou a toalha ao chão, que lutou contra todas as adversidades que lhe
apareciam no caminho, da minha parte só me resta desejar-lhe a melhor sorte do
mundo na sua carreira e que alcance tudo o que deseje.
E o teu futuro, passa pelo
Académico?
Neste momento não faço ideia do
que o futuro me reserva, claro que se for possível gostaria de continuar no Académico,
mas de momento não posso nem sei se isso será concretizável.
Em muitos anos de Académico
esta foi a tua segunda subida de divisão. Qual foi a mais saborosa?
Foram igualmente saborosas e magníficas,
não diferencio uma da outra, foram conquistadas com muito espirito de
sacrifício e capacidade de superação de todo o grupo de trabalho, equipa
técnica e direcção. E claro dar esta alegria a todos os sócios e adeptos do
Académico é fantástico, é um marco que vai perdurar na carreira de todos os
elementos do grupo de trabalho, jamais será esquecido.
Último jogo da época em São
Pedro do Sul. Bancadas quase esgotadas com academistas. Nós gostamos muito do
ambiente. E visto do relvado como foi? Porque achas que os academistas – alguns
claro – só aparecem na hora das glórias?
Foi um ambiente fantástico que
qualquer jogador gosta de ter todas as semanas quando entra em campo, facilita
muito mais as nossas acções e a nossa intensidade no jogo. Entrar em campo e ver
as bancadas cheias de adeptos do nosso Académico a entoar o grito do clube de
forma vibrante, quase que metade do caminho estava feito para a nossa vitória. Claro
que nas horas das vitórias é sempre mais fácil comparecer e apoiar a equipa, é
o hábito da grande maioria dos adeptos de todos os clubes, mas mesmo assim como
referem e bem os verdadeiros academistas sempre estiveram connosco tanto nos
jogos em casa como fora de portas. Fica um apelo a todos os adeptos que não
deixem cair esta onda de entusiasmo e que façam de cada jogo do nosso Académico
uma festa e apoiem a equipa incondicionalmente que tudo se torna mais fácil.
A
próxima época marcará o fim da III Divisão. Concordas com essa opção?
Já não sei o que pensar desta
mudança como de todas as outras que foram sendo introduzidas ao longo dos
tempos, se for para o bem do futebol estarei de acordo, mas isso só será
visível quando acontecer e se perceber ao certo as implicações que terá nos
clubes ou mesmo nos atletas que representam equipas nessas divisões. Mas neste
momento se virmos bem a III divisão este ano já quase que era uma divisão de
honra de Viseu, já que havia bastantes equipas da região na série, por isso
vamos esperar que não seja mais uma manobra para acabar com o futebol
semi-profissional, e sim para lhe dar mais vitalidade, porque existe muito
talento nestas divisões que precisam de visibilidade para atingirem outros
patamares no futebol português.
Chegou
a altura da “vingança”. Da nossa parte queremos sinceridade porque só isso nos
ajudará a melhorar. Como se portaram durante a época os adeptos e A MAGIA DO
FUTEBOL?
Acho
que a Magia é já um espaço imprescindível da actualidade do nosso clube, pelo
trabalho que têm desenvolvido fazem parte do quotidiano do Académico. Da minha
parte só tenho a agradecer pelas críticas construtivas, ou pelas palavras de
incentivo que estão sempre presentes nos vossos artigos ou opiniões, se me
permitem se todos vivessem dessa forma o clube estaríamos seguramente mais
próximos do sucesso. Muito obrigado a todos.
Entrevista efectuada por José Carlos Ferreira
Entrevista efectuada por José Carlos Ferreira
1 comentários:
Parece-me preocupante ainda não se ter falado com os jogadores do plantel quanto à próxima época... por mim era um dos que ficava.
quinta-feira, 14 junho, 2012Enviar um comentário