Filipe em entrevista
1.
Há 3 anos, na primeira
entrevista que nos concedeste, disseste que estavas em Viseu para completar a
tua formação académica. Correu bem?
É
verdade, já la vão 3 anos…Sim, correu bem e fiz por isso. Espero esta semana
concluir o mestrado, falta só defender a minha tese. Nem sempre foi fácil
conciliar treinos e faculdade mas fi-lo por gosto. Alguns treinadores
entenderam esta situação melhor que outros mas as coisas sempre se resolveram e
raramente falhei com os meus compromissos.
2.
Em quatro épocas de Académico
fizeste 52 jogos. Queres destacar algum em particular?
Naturalmente
o jogo da penúltima subida de divisão à 2ª nacional. Subir com um golo aos 89 minutos
(obrigado Rui) foi inexplicável e estar dentro de campo é outra coisa. Houve
vários jogos que os meus colegas me deram os parabéns. Isso para mim é tudo.
Sou um jogador de equipa e quem trabalha comigo diariamente percebe isso. Os
números por vezes não explicam tudo..
Quem
joga no académico tem que dar o valor devido. Eu acho que tomei o peso desse
valor. As pessoas certas transmitiram-me isso. Vocês sabem de quem falo.
3.
Na primeira época atuaste em 20
jogos. Foi a época em que mais jogos fizeste pelo Académico. Que explicação
encontras para o facto de não voltares a ser tão utilizado?
Na
primeira época penso que ganhei a confiança dos treinadores que tive e
correspondi com aquilo que me foi pedido. Joguei em todas as posições da defesa
e em quase todas do meio-campo e não sofri lesões nas alturas erradas. Por
outro lado, nas épocas seguintes lesionei-me em momentos cruciais que não me
possibilitaram estar sempre a 100%. Associado a isso, algumas opções estratégicas
e menos oportunidades resultaram nisso. Contudo, fico contente por tudo o que
fiz. Saio de cabeça erguida.
4.
É justo dizer-se que a primeira
subida, por teres jogado mais, foi mais saborosa que a segunda?
Mais
saborosa não sei se será a palavra certa. Talvez, diferente. Esta última época
lesionei-me na sexta-feira antes do primeiro jogo da 2ª fase! Estava a ser
opção e apresentava-me em bom plano e ganhar forma. Estive um mês afastado e de
acordo com os médicos a lesão seria mais para terminar a época do que para
outra coisa. Até cheguei a partilhar um texto de “quase despedida” para os meus
colegas em forma de motivação. Mas isso fica entre o grupo (ehh). Contudo, tentei recuperar e
consegui terminar a época com a possibilidade de festejar a subida dentro de
campo Isso tornou esta bastante especial conseguindo atingir o objectivo que
traçámos. Costumava comentar com os meus colegas: “Quero acabar o curso e subir
de divisão, por isso vejam lá…”.
5.
Agora que abandonas o Académico
diz-nos, que sentimento nutres pelo clube? Como vai ser o teu futuro?
É
um clube que fica no coração. Por muitos motivos: Pelo que a cidade significa
para mim, pelo clube, pelos colegas com quem trabalhei e amizades que
estabeleci, entre outros. Quando vim estudar para Viseu tinha objectivo
representar o Académico e foi com muito orgulho que o fiz. 4 anos de futebol em
Viseu associado a uma vida académica marcam certamente.
Neste
momento quero terminar o curso e depois logo vejo. Sempre fui exigente no
futebol e vou sê-lo na minha vida profissional. Se posteriormente der para
conciliar as duas coisas, melhor. Já tenho alguns convites de clubes que
treinam a horas mais compatíveis com o meu tipo de trabalho mas não sei como as
coisas vão ficar.
6.
Define os treinadores com quem
trabalhaste nas últimas 3 épocas:
Talvez
o Professor José Miguel Borges tenha sido aquele com quem mais me identifiquei.
Mas foi na primeira época. Sendo assim, nas últimas 3:
António Borges – um homem que percebe de futebol
e vive-o como ninguém. Bom treinador de campo. Corrige ao pormenor o que o
jogador deve alterar. Aprendi algumas coisas. Não teve a sorte desejada em Viseu.
Estava a jogar quando chegou e no mesmo
jogo fui expulso e deixei de ser opção. Por outro lado, numa altura da época foram
alterados os horários dos treinos. Deixei de poder participar activamente
devido à faculdade.
João Paulo
Correia – Não
esteve muito tempo. “Homem da cidade”. Não me deu grandes oportunidades. Boa
pessoa.
Paulo Gomes – Chegou numa altura complicada.
Reconheceu o meu trabalho diário.
Manuel Matias – trouxe uma exigência diferente
ao grupo e chegou numa fase da época do tudo ou nada. A fase de subida estava
em risco e fomos ganhar ao Marinhense. Dou-lhe o mérito devido. Acredito que se
não fossemos uma equipa como ele pedia não tínhamos conseguido. Chegámos a
última jornada com hipótese de subir…porém, falhámos o objectivo.
António Lima
Pereira – Bom
homem. Exigente. Qualidade de treino. Gostei de trabalhar com ele. Deu-me as
oportunidades reconhecendo o meu trabalho. Sofri uma lesão o que complicou as
coisas. Cumpriu o objectivo que se propôs. Isso diz tudo.
7.
Tens acompanhado as notícias
sobre o reforço da equipa? Até onde achas que o clube pode chegar na época que
agora começa?
Acredito
que a direcção em conjunto com o treinador poderá fazer um bom trabalho.
Tomaram as decisões que acharam necessárias. Reforçaram a equipa nos pontos
onde acharam que estariam as maiores lacunas e a prova dos nove será o
campeonato. Penso que o clube deverá pensar em cimentar a sua posição na 2ª
divisão nacional para posteriormente com bases mais sólidas poder atacar uma
subida para uma competição profissional. Acho que na cidade há muita gente a querer/ter que colaborar com o clube.
Uma equipa forte será o reflexo de uma estrutura directiva bem organizada e
diversificada. Uma estratégia bem elaborada de Marketing vendo o Académico como um todo acho que poderá trazer
frutos.
8.
Queres deixar uma palavra final
para os adeptos academistas?
Continuem
a apoiar o clube. Eu vou fazê-lo. Sejam pacientes. O futebol cada vez mais
reflecte a crise que o país atravessa. Sem o apoio de todos os Academistas os
objectivos a alcançar ficam mais longe. Espero que a Magia do futebol continue
a acompanhar a par e passo o clube. O vosso trabalho é reconhecido por todos.
Parabéns! Espero que o AFC a curto/médio prazo cimente a sua posição no futebol
nacional e dê as alegrias que todos os adeptos andam há tanto tempo a cobrar.
Obrigado
a todos.
Aproveito também
esta entrevista para deixar os meus sentimentos à família do Dr. Fernando
Santos. É uma pessoa que ficará no meu coração. TRATAVA TODOS DE FORMA IGUAL,
SEMPRE PRONTO A AJUDAR. VIVIA CADA JOGO INTENSAMENTE. São pessoas como O DOUTOR
que fazem do Académico de Viseu um clube grande. Até sempre Doutor…
Artur Filipe
Simões
19 de julho de 2012
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